Em qualquer ambiente de João Pessoa um dos temas propagados diz respeito ao fato de João Pessoa estar sendo literalmente invadida pelos novos indivíduos que resolveram aqui firmar nova residência. Eles formam famílias de um Brasil inteiro e representam um fato de extrema importância para a economia local e, em particular, para o mercado imobiliário.
É sabido ainda que além da sensação de segurança e tranquilidade, as belezas naturais da grande João Pessoa, em especial a nossa orla marítima, por si só geram nas pessoas o sonho e o desejo de um dia poder compartilhar com seus filhos esse pedaço de paraíso. Essa onda positiva hoje tomou conta do país, permitindo que majoritariamente os empreendimentos imobiliários lançados pelas incorporadoras sejam negociados para pessoas de outros Estados. A outrora Filipeia de Nossa Senhora das Neves definitivamente se tornou a queridinha do Brasil, propagada por aí afora como a capital dos aposentados e da qualidade de vida.
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E agora, é possível afirmar que todo esse fenômeno durará para sempre a ponto de não sofrer qualquer risco de reversão? Pois bem, um fator chama atenção e precisa ser encarado urgentemente pelo poder público como risco. A mobilidade urbana na região metropolitana a cada dia gera uma imagem que denigre, prejudica e difama João Pessoa e as demais cidades circunvizinhas. Não se observam obras e ações condizentes com o aumento do número de habitantes e de veículos em circulação. A zona formada por João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita e Conde, aos poucos, em continuando no status atual, se estrangulará diante da ausência do surgimento de novas artérias que interligam essas cidades e os seus bairros. Com mais de 1 milhão de habitantes, muito mais se demanda em termos de projetos estruturantes como viadutos, pontes, elevados ou túneis que possam facilitar o fluxo de veículos e pessoas.
Com efeito, é preciso que João Pessoa e Cabedelo, molas propulsoras da região metropolitana, sejam pensadas também como destinos turísticos. O que desperta o interesse nas pessoas de norte a sul do país ao ponto de enraizar o desejo de mudança para as citadas cidades? Não existe tranquilidade sem um trânsito ordenado, com alternativas de acesso e locomoção que enfatizem um deslocamento seguro e rápido. A João Pessoa das praças e das belas praias necessita urgentemente de um planejamento de longo prazo que a preveja pelas próximas décadas.
É preciso ser dito e reafirmado que a mobilidade urbana de uma grande cidade é um tema que requer atenção constante em vista do tamanho do impacto no cotidiano do cidadão residente e dos visitantes. O detalhe é que não há como conciliar o desenvolvimento turístico e do mercado imobiliário sem a atenção para esse quesito. O que levou décadas para construir em termos de imagem e conceito, tendo em vista o risco de eventual marketing negativo, poderá ser desmontado em bem menos tempo. Ou o poder público, a classe política e a sociedade civil representada se aliam com o propósito firme de resolver essa chaga, ou permaneceremos convivendo com o risco iminente de perder mercado para outras capitais que estejam encarando com a atenção requerida a pauta da mobilidade urbana.