Destino de aventureiras e cientistas, terreno em ilha gelada do Ártico está à venda por R$ 1,5 bi

40
Publicidade

Área é a última disponível no Arquipélago de Esvalbarde, um dos lugares mais remotos do planeta, entre a Groelândia e a Escandinávia, que abriga o famoso Celeiro do Juízo Final

Na região conhecida como Alto Ártico, um terreno com extensão territorial do tamanho de Manhattan está à venda por € 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão).

O Oceano , e o arquipélago de Esvalbarde agora tem menos gelo marinho, mais chuva e temperaturas mais altas devido às mudanças climáticas.

Onde vivem os milionários?

Lista da Forbes 2024:

Mesmo assim, segue sendo um destino procurado por aventureiros e por cientistas que se preocupam em investigar a sobrevivência da raça humana no futuro. E, também, uma área estratégica para interesses geopolíticos globais.

O advogado Per Kyllingstad, que representa os vendedores, garante que esse é o último terreno no arquipélago norueguês de nove ilhas:

— Esta é a única possibilidade para um comprador obter uma posição no Alto Ártico e estabelecer uma base estratégica. É realmente a última chance de adquirir propriedades aqui — diz.

60% da área coberta por geleiras

Esvalbarde é um dos lugares mais ao Norte do planeta. A região fica à leste da Groenlândia, aproximadamente no meio do caminho entre a Escandinávia e o Polo Norte. Cerca de 60% da área ali é coberta por geleiras, e é lar de ursos polares e raposas do Ártico.

A região se tornou famosa por abrigar o que ficou conhecido Celeiro do Juízo Final, um enorme cofre que abriga espécimes de sementes do mundo inteiro, criado para servir como uma reserva genética dos alimentos disponíveis para um futuro longíquo e, talvez, catastrófico do ponto de vista climático.

A redução da cobertura de gelo no local tem sido amplamente aproveitado pela Rússia, que ganhou novas rotas de navegação e possíveis novas reservas de petróleo e gás a medida que

A perda de gelo marinho é uma bênção para a Rússia, que tem ganhado acesso a rotas marítimas adicionais e reservas de energia conforme o território vai sendo “derretido”. A ilha privada está à venda para qualquer investidor global disposta a comprá-la pela empresa Knight Frank.

Polêmica com chineses em 2014

Todo o entorno é de propriedade de empresas estatais da Rússia e da . Em 2014, um outro terreno na região foi colocado à venda, gerando enorme polêmica. Quando veio à tona a informação de que um potencial comprador da China iria adquirir a área para fazer mineração de carvão, houve o temor de interferência estrangeira em uma região tão estratégica. Dois anos depois, o governo norueguês adquiriu o terreno.

— Nós já oferecemos a ilha a compradores sem nenhum histórico de controvérsias, mas nenhum negócio foi fechado. Agora estamos oferecendo o mesmo a qualquer comprador, controverso ou não. A venda vai acontecer para quem der o maior lance – diz Kyllingstad.

Ele informou que estava em discussões com o governo norueguês sobre a venda do lugar. Procurado, as autoridades do país não responderam.

‘Grande interesse pelo Ártico’

O terreno de cerca de 60 milhões de metros quadrados está a aproximadamente a 64 quilômetros de Longyearbyen, a cidade habitada mais próxima, que fica na ilha de Spitsbergen e tem apenas 2.400 moradores.

O terreno possui mais de quatro quilômetros de costa e está repleto de montanhas, fiordes e vida selvagem ártica. De abril a agosto, está sob constante luz do sol; entre outubro e fevereiro, acontece a temporada escura.

Conhecido como Søre Fagerfjord, o terreno no sudoeste de Esvalbarde é de propriedade da empresa norueguesa Aktieselskabet Kulspids há mais de cem anos.

Ela foi fundada por famílias ricas de Oslo interessadas na área por seus recursos naturais — eles queriam minerar amianto —, mas sua propriedade mudou de mãos ao longo dos últimos cem anos.

Os nomes dos vendedores não são divulgados, embora todos sejam noruegueses, diz Kyllingstad.

— Houve um grande interesse no Ártico nos últimos anos, e isso tem a ver com as mudanças climáticas, porque está abrindo possibilidades que não vimos antes — continua ele.

O Ártico detém aproximadamente 13% do petróleo ainda não descoberto do mundo, segundo pesquisas do Serviço Geológico dos Estados Unidos. O advogado diz que o único levantamento geográfico feito era originalmente para amianto (não foi encontrado nada), e eles não têm conhecimento de outros recursos nesta terra.

Oportunidade para ‘indivíduo muito rico fazer a diferença’

A Knight Frank diz que este vasto terreno poderia ser um projeto de investimento para um indivíduo de alta renda que busca causar um grande impacto como conservacionista. O Ártico é vital na luta contra as mudanças climáticas.

As águas ao redor do Ártico ajudam a regular as correntes oceânicas, movendo águas frias e mais quentes ao redor do planeta. Essencialmente, o Ártico ajuda a resfriar o planeta.

— Esta é uma oportunidade genuína para um indivíduo muito rico fazer a diferença — diz Will Matthews, que está liderando o anúncio na Knight Frank.

Pela primeira vez:

Potencial para turismo polar

Construir outra vila turística também é uma possibilidade, afinal, o turismo polar disparou nos últimos anos. O material de venda menciona possibilidades de comunicação via satélite, devido à sua localização no Norte do globo.

Há apenas uma grande restrição ao uso da terra. Compradores — sejam eles um estado estrangeiro, corporações ou indivíduos — têm que estar vinculados aos termos do Tratado de Esvalbarde de 1920, que reconhece a soberania da Noruega no arquipélago e proíbe o uso militar para “fins beligerantes”.

Este tratado foi assinado após as negociações em Versalhes que encerraram a Primeira Guerra Mundial. Mais de 40 países, incluindo China, Rússia, Reino Unido e EUA, o assinaram.

Kyllingstad diz que a venda é uma “transação bastante sensível devido a questões geopolíticas”, e que os compradores terão que respeitar os termos do tratado.

 

Artigo anteriorDia das Mães: deixou para a última hora? Até supermercados podem garantir presente
Próximo artigoCaixa decide adiar prova no Rio Grande do Sul, mas mantém no restante do país