Demanda do público de alta renda por imóveis bate recorde em cinco anos; veja perfil mais desejado

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Os consumidores de alta renda, que ganham acima de R$ 15 mil por mês, estão entre os mais propensos a comprar imóveis no país nos próximos dois anos, de acordo com um levantamento da consultoria Brain. Com uma demanda recorde nos últimos cinco anos, mais de 50% desse público planeja adquirir imóveis, seja para sair do aluguel, mudar para um imóvel maior ou obter uma residência com mais vantagens.

Esse grupo prefere apartamentos (42%) e casas em condomínios fechados (26%), ao invés das casas de rua, que atraem 24% desse público. Isso contrasta com a preferência geral do mercado, onde quatro em cada dez brasileiros optam por casas de rua.

Tendências do mercado e preferências dos compradores

Como a maioria desses compradores busca moradias novas e não adquire imóveis apenas como investimentos, incorporadoras e construtoras têm investido em condomínios-clube, que oferecem áreas de lazer, academias, piscinas, mercadinhos e, em alguns casos, até parques públicos e pontos de recarga para carros elétricos.

De acordo com Cyro Naufel, diretor de relações com investidores do Grupo Lopes e diretor-executivo da Lopes SP, o mercado imobiliário passou por diferentes fases que resultaram no aumento dos preços e da demanda por empreendimentos de alto padrão no Brasil. O aumento dos custos de construção e a capacidade financeira dos consumidores de alta renda também contribuíram para essa tendência.

“Houve um grande descompasso entre a produção e o custo dos materiais, o que elevou os preços das obras e beneficiou o programa Minha Casa Minha Vida, que não sofreu aumentos até a última revisão”, explica Naufel. Segundo ele, no segmento médio, há uma limitação de crédito ao consumidor, o que fez com que incorporadores vissem o mercado de alto e altíssimo padrão como uma opção mais segura, oferecendo maior margem para as empresas.

Motivações e características dos imóveis de alto padrão

Naufel também destaca que os principais fatores que atraem clientes de alto padrão são a localização, a segurança do condomínio e a exclusividade do projeto. Embora a queda na taxa de juros incentive a compra para reduzir a rentabilidade das aplicações financeiras, esse fator não é o principal motivador. O Grupo Lopes estima que o valor geral de vendas (VGV) de imóveis acima de R$ 2,5 milhões aumentou entre 15% e 20% nos últimos 12 meses.

“O empreendimento de alto padrão, por definição, não é facilmente replicável. Para conseguir um apartamento com vista para o Parque do Ibirapuera, por exemplo, é rara a oportunidade de encontrar um terreno com essa vista. Quando essa oportunidade aparece, ela é rapidamente absorvida. A queda dos juros ajuda, mas não é o único fator determinante”, afirma Naufel.

Demanda por imóveis de luxo e comodidades

Gustavo Favaron, CEO do GRI Club, observa que a crescente demanda por imóveis de luxo está fortemente ligada à oferta de serviços e comodidades que elevam o conforto dos moradores. “Condomínios de alto padrão com praias artificiais, complexos esportivos e campos de golfe são exemplos de atrativos para esse público, mas a segurança continua sendo o fator decisivo”, afirma Favaron.

Preços dos lançamentos e valorização das regiões

Os preços dos imóveis novos no Brasil podem chegar a até R$ 5 milhões em cidades como Balneário Camboriú, conhecida por seus lançamentos de luxo em edifícios altos. Outras regiões também apresentam preços elevados; dados da Brain mostram que 16 cidades brasileiras têm preços médios de lançamentos de imóveis acima de R$ 1 milhão. O litoral de Santa Catarina, com poucos terrenos e muitos lançamentos de luxo, está entre as áreas mais caras.

Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica, destaca que o alto preço do metro quadrado em capitais litorâneas como Vitória e Florianópolis está relacionado à escassez de terrenos à beira-mar. “Essas áreas são valorizadas não apenas pela vista, mas também pela limitada disponibilidade de terrenos, o que eleva os preços de novos lançamentos e de imóveis já existentes”, explica Araújo.

Além da falta de terrenos, a legislação urbanística e o valor da outorga onerosa também afetam o preço dos imóveis em áreas valorizadas. Essas variáveis dificultam o lançamento de projetos mais acessíveis, especialmente em áreas restritas como Vitória e Florianópolis, onde questões ambientais também impõem barreiras.

Valorização imobiliária em São Paulo e outras cidades

Em São Paulo, bairros como Moema, Morumbi, Vila Nova Conceição, Jardim Paulistano, Alto de Pinheiros e Vila Madalena se destacam pela valorização imobiliária, com um aumento de 40% no número de unidades vendidas no último ano. Fora da capital paulista, cidades como Balneário Camboriú, Itajaí, Itapema, Brasília e Curitiba também têm visto um crescimento na construção de empreendimentos de luxo, refletido nos preços elevados do metro quadrado nessas cidades.

No ranking da Brain, a Vila Uberabinha, em Moema, registrou o maior preço médio em lançamentos de imóveis em junho deste ano, seguida pelos Jardins e pela Chácara Itaim, área do Itaim Bibi mais próxima ao Parque do Povo.

Compra de imóvel como investimento

Um estudo realizado pela Loft, em parceria com a Offerwise, revela que 29% dos brasileiros planejam adquirir um imóvel nos próximos 12 meses, com o objetivo principal de investimento. Esse percentual supera o de aqueles que desejam comprar uma residência para uso próprio, que soma 27%.

Entre os investidores, os millennials com situação socioeconômica mais favorecida são os mais ativos na busca por imóveis. A pesquisa mostra que indivíduos de 25 a 34 anos, especialmente os com nível superior, casados e pertencentes às classes A e B, são os que mais se destacam nesse mercado.

Fonte: Estadão

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Redação
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