
O apartamento decorado é uma parada obrigatória para quem deseja comprar um imóvel na planta e quer ter uma noção mais precisa do espaço no futuro lar. Mas e se houvesse uma forma diferente de visualizar como o piso, os móveis e a decoração ficariam em um apartamento em tamanho real?
Essa é a aposta da Coelho da Fonseca, uma das maiores imobiliárias de alto padrão do Brasil. A empresa tem investido em realidade aumentada para apresentar e vender imóveis. Em parceria com a R2U, especializada em realidade aumentada, a Coelho criou um ambiente que mescla elementos digitais ao espaço físico real – similar a um holograma.
“Uma das grandes dificuldades de vender apartamentos na planta, ainda crus ou em reforma, é conseguir visualizar o ambiente como desejado. Entender se a cama terá o tamanho ideal, por exemplo. O projeto melhora a tomada de decisão, mas a visualização não é tangível”, explica Luiz Coelho da Fonseca, diretor da imobiliária.
A tecnologia por trás da realidade aumentada da Coelho da Fonseca
Pensando nessa demanda, a Coelho e a R2U passaram oito anos buscando uma forma de oferecer um tour virtual decisivo para a compra do cliente. Após várias tentativas, muitas opções foram descartadas, especialmente em relação à realidade virtual. Nesse caso, a experiência imersiva completa pode fazer o usuário perder a noção do espaço físico, gerando vertigem e afastando um público mais velho, que geralmente tem menos familiaridade com essa tecnologia.
O ponto de virada veio no final de 2023, com o lançamento do Apple Vision Pro, os óculos de realidade aumentada da Apple. A R2U, como empresa de tecnologia, teve acesso aos óculos antes do mercado geral e realizou testes em março deste ano.
Para apresentar a nova solução, a imobiliária adquiriu o empreendimento AG Art Residences, em Pinheiros, com exclusividade de venda pela Coelho. “Ainda não apresentamos aos clientes, mas o incorporador ficou bastante animado e entendeu que essa tecnologia pode ser decisiva na escolha do cliente.”
Com os óculos, é possível visualizar como o apartamento ficaria finalizado, proporcionando uma nova noção de espaço. O recurso permite várias opções diferentes de plantas para o apartamento. Um exemplo mostrado no protótipo é a sala, que pode ser fechada ou integrada à sacada.
Uma vantagem é que os óculos podem ser usados em qualquer espaço, sem necessidade do apartamento estar pronto. A Coelho está estudando usar o recurso em loteamentos e já é possível usar os óculos para mostrar a área comum do prédio, como piscina e academia. Para a Coelho, é uma forma de complementar (e baratear) a estratégia do apartamento decorado atualmente utilizada. “É possível projetar o prédio em escala real no terreno, ver onde será a entrada e entrar no lobby.”
O teste para o primeiro empreendimento foi realizado em dois meses e meio, mas a empresa acredita que o processo ficará cada vez mais rápido e barato. O custo inicial foi de R$ 300 por metro quadrado para incluir acabamento, mobília, luz e variações de plantas. Esse seria, em média, o custo para quem deseja adquirir o serviço. O saldo final, no entanto, pode variar bastante, dependendo do que será mostrado no ambiente virtual. “São inúmeras possibilidades.”
A estimativa da empresa é expandir o uso da solução e faturar R$ 2 milhões ainda este ano, alcançando R$ 10 milhões em 2025. Os detalhes específicos vão desde incorporadores até arquitetos, que podem usar o “decorado-holograma” como showroom de seus projetos em escala real.
Fonte: Revista Exame