Copom enfrenta dilema entre deflação do IPCA e aumenta dúvidas sobre a necessidade de BC elevar juros

Economistas destacam que o Banco Central deverá ponderar entre uma inflação corrente mais suave e expectativas inflacionárias ainda desancoradas, acima da meta

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Sede do Banco Central, em Brasília - 11/06/2024 (Foto: Adriano Machado/Reuters)
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A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre uma possível alta da taxa Selic ganhou uma nova complexidade com a divulgação de uma deflação de 0,02% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em agosto, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). Economistas destacam que o Banco Central deverá ponderar entre uma inflação corrente mais suave e expectativas inflacionárias ainda desancoradas, acima da meta.

André Valério, economista sênior do Inter, avalia que o resultado do IPCA de agosto foi positivo, com recuo nas pressões inflacionárias observadas em julho, incluindo o núcleo da inflação e o setor de serviços. No entanto, ele ressalta que o cenário ainda não é suficiente para aliviar totalmente as pressões sobre o Banco Central, que terá que considerar a desancoragem das expectativas inflacionárias na decisão do Copom.

Entre os destaques do mês, André Valério menciona a desaceleração da média dos núcleos de inflação para 0,24% e a queda da inflação de serviços para o mesmo patamar, uma melhora em relação aos 0,75% registrados em julho. Para ele, apesar desses sinais positivos, a perspectiva de aumento de juros não está totalmente descartada.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, acredita que a deflação do IPCA diminui a pressão para um aumento mais agressivo da Selic, mas não elimina a possibilidade de alta. Ele aponta para um acúmulo de pressões futuras, como o aumento das tarifas de energia com a bandeira vermelha 1 e o impacto das condições climáticas nos preços dos alimentos.

Claudia Moreno, do C6 Bank, reforça que a inflação deve voltar a crescer a partir de setembro, com o aumento das tarifas de energia e outros fatores. Segundo ela, o IPCA deve encerrar o ano acima da meta, em 4,7%. Ela projeta que a Selic permaneça em 10,5% até o final do ano, mas não descarta o início de um breve ciclo de alta de juros.

Gustavo Cruz, da RB Investimentos, e Gustavo Sung, da Suno Research, compartilham perspectivas similares, destacando que a economia aquecida e os preços de energia podem pressionar o Banco Central a adotar uma postura mais conservadora, com um possível aumento de 0,25 ponto percentual na Selic.

A decisão final do Copom será influenciada por esses diversos fatores, incluindo a dinâmica interna e o cenário econômico internacional, onde a expectativa de cortes de juros por bancos centrais globais pode aliviar pressões sobre a inflação no Brasil.

*Redação com informações do InfoMoney

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