Fabricantes de bebidas apostam em drinques prontos para o Carnaval 2025

66
Foto: divulgação/Ambev
Publicidade

As marcas de drinques prontos cresceram mais de 10% há três anos e ainda têm enorme potencial de expansão no Brasil.

Forte calor, diversidade de eventos e disposição para experimentação. Três atributos do carnaval, em meio ao verão, que são aliados das marcas de bebidas alcoólicas na proposição de drinques prontos para os brasileiros. O período tem sido encarado como estratégico para a afirmação da categoria Ready to Drink (RTD) no país. De acordo com a empresa de inteligência sobre o varejo NielsenIQ, o crescimento dela foi igual ou superior a 10% em cada um dos últimos três anos. Para manter o ritmo em 2025, as empresas têm desde novidades a apresentar até ações programadas para ampliar o alcance do portfólio.

Para a folia, a Ambev tem uma nova versão de Beats, a Rex Mix; o Grupo Petrópolis lança a edição limitada Spritz na linha Fest Drinks by Itaipava; e a Diageo faz a estreia de Johnnie Walker na categoria com o Blonde & Citrus. “Para Beats, carnaval virou sinônimo de novidade — aponta Marina Porto, diretora de marketing da marca, lembrando como foi o desenvolvimento de Beats Red Mix: — A partir de pedidos dos nossos consumidores por um drinque com sabor de frutas vermelhas. Foram seis meses e mais de 400 protótipos até que três chegassem à fase final. Então os fãs, em fóruns, participaram ativamente da escolha do sabor e do nome.

No Grupo Heineken, a aposta é Amstel Vibes, mantida com dois sabores. Assim como as quatro versões de Schweppes Mixed são foco das ativações de Coca-Cola. Crescer a presença dos drinques em eventos de carnaval é prioridade para pôr as bebidas nas mãos dos consumidores. “Produto certo no contexto certo: não tem ocasião melhor para gerar experimentação. Cerca de 40% do nosso resultado no Brasil vêm no verão, e vamos triplicar nossa presença em eventos”, diz Camila Freire, diretora da categoria de drinques prontos da Coca-Cola América Latina, expondo que eles são pilar prioritário da companhia atualmente: “Representam uma forma de capturar o target jovem, que tem demandado mais variedade para a sociabilização, e de incrementar o negócio, entrando em novas ocasiões. Como companhia, a gente joga de forma mais completa com os drinques prontos”.

Dados da NielsenIQ confirmam que é esse o público em toda a categoria, no Brasil e no mundo, principalmente entre 19 a 35 anos — sendo 61% de mulheres. Apesar do “boom” desde 2022, ainda segundo a empresa de inteligência, a RTD representa menos de 2% em comparação ao mercado de cervejas no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos chega a 20%, com um mercado mais abrangente em marcas e opções. Olhar para o exterior, portanto, pode indicar o potencial de expansão nacional que ainda existe. Mas não guia as marcas no desenvolvimento de produtos.

Mesmo de grandes grupos globais, os principais drinques prontos à venda no Brasil são desenvolvimentos nacionais. Foi assim com a Beats, há dez anos, quando os jovens adultos buscavam experiências além da cerveja tradicional. Em 2017, a Coca-Cola fez o anúncio de que exploraria o território do álcool. Mas a marca de refrigerante europeia Schweppes entrou na categoria RTD primeiramente aqui, em 2019, inspirando-se no uso que a mixologia brasileira já fazia da bebida. Em 2023, a Amstel desenvolveu sua Vibes para o país. E, agora, a Diageo lança o Johnnie Walker Blonde & Citrus, pensado para os brasileiros. “Analisamos preferências regionais para decidir quais inovações fazem sentido para cada país. Aqui, identificamos uma demanda crescente por RTDs premium, que combinam praticidade e qualidade, além do interesse em novas formas de consumir whisky”, diz Vanessa Kalanche, head de inovação da Diageo no Brasil.

A escuta dos consumidores também auxiliou a brasileira Itaipava. Para comemorar seu trigésimo aniversário, em 2024, a marca decidiu lançar a linha Fest Drinks, com teor alcoólico de 7,9%. Este mês, ganha mais um sabor, na edição limitada Spritz, com redução para teor alcoólico de 5%. “Tem um sabor equilibrado e refrescante, além de um teor alcóolico adequado. E traz uma tendência de saudabilidade: bebida sem glúten”, afirma Cristiane Rosa, head de Marketing Categorias e Consumer Insights do Grupo Petrópolis.

Segundo Gabriel Lescher Fagundes, executivo de Insights Para a Indústria da NielsenIQ Brasil, esse é um caminho com boas perspectivas para os RTDs. “O crescimento deles tem sido construído nos últimos três anos, em duplo dígito. No último ano, na casa de 10%. E a expectativa é de que siga crescendo. Isso porque o consumo tende a se desenvolver em categorias com apelo de bem-estar e saudabilidade, dando melhores possibilidades para bebidas com menos álcool e calorias”, explica o especialista.

Cristiane Rosa, head de Marketing Categorias e Consumer Insights do Grupo Petrópolis afirma que a linha Fest Drinks foi desenvolvida estrategicamente para atender o um público-alvo, garantindo inovação e engajamento. “Isso também envolve o visual, seja do líquido ou da embalagem, que contém cores vibrantes e tinta especial que brilha quando exposta à luz UV. Foi pensada para acompanhar a crescente influência das redes sociais e compartilhamento digital das experiências”, explica.

Os drinques prontos contam com variedades de sabores e embalagens para todos os gostos. Alguns mais cítricos, outros mais adocicados. Em garrafas pequenas e grandes, latinhas e latões que atendem demandas diferentes. Ainda assim, a categoria de RTD chega, por enquanto, a apenas 17% dos lares brasileiros, de acordo com NielsenIQ. O desafio das marcas também é disputar espaço no isopor de ambulantes, em gôndolas de mercados e ganhar uma chance do consumidor. “O primeiro trimestre é o momento mais importante do ano para essa categoria, pois ele conta com meses que mais do que triplicam as vendas de um mês regular. Com a alta demanda, a prioridade principal é garantir disponibilidade do produto, estar no preço correto e também a presença nos principais eventos, junto com cerveja”, avalia Isabela Cristina Nascimento, gerente de Marketing de Beyond Beer do Grupo Heineken, anunciando: “Para Amstel Vibes, manteremos uma estratégia consistente, estando em blocos e camarotes do carnaval junto à marca Amstel”.

O esforço das empresas no verão deve existir. Mas, para Gabriel Lescher Fagundes, as marcas ainda precisam pensar além, para garantir uma expansão sólida. “O desafio é criar e desenvolver novas ocasiões de consumo para que a categoria dependa menos das “temporadas”, aponta ele.

Receba todas as notícias do Paraíba Business no WhatsApp

Artigo anteriorFalsos vídeos circulam nas redes sobre novas regras do BPC
Próximo artigoNinguém acerta as dezenas da Mega-Sena que tinha prêmio de mais de R$ 80 milhões