As marcas de drinques prontos cresceram mais de 10% há três anos e ainda têm enorme potencial de expansão no Brasil.
Forte calor, diversidade de eventos e disposição para experimentação. Três atributos do carnaval, em meio ao verão, que são aliados das marcas de bebidas alcoólicas na proposição de drinques prontos para os brasileiros. O período tem sido encarado como estratégico para a afirmação da categoria Ready to Drink (RTD) no país. De acordo com a empresa de inteligência sobre o varejo NielsenIQ, o crescimento dela foi igual ou superior a 10% em cada um dos últimos três anos. Para manter o ritmo em 2025, as empresas têm desde novidades a apresentar até ações programadas para ampliar o alcance do portfólio.
Para a folia, a Ambev tem uma nova versão de Beats, a Rex Mix; o Grupo Petrópolis lança a edição limitada Spritz na linha Fest Drinks by Itaipava; e a Diageo faz a estreia de Johnnie Walker na categoria com o Blonde & Citrus. “Para Beats, carnaval virou sinônimo de novidade — aponta Marina Porto, diretora de marketing da marca, lembrando como foi o desenvolvimento de Beats Red Mix: — A partir de pedidos dos nossos consumidores por um drinque com sabor de frutas vermelhas. Foram seis meses e mais de 400 protótipos até que três chegassem à fase final. Então os fãs, em fóruns, participaram ativamente da escolha do sabor e do nome.
No Grupo Heineken, a aposta é Amstel Vibes, mantida com dois sabores. Assim como as quatro versões de Schweppes Mixed são foco das ativações de Coca-Cola. Crescer a presença dos drinques em eventos de carnaval é prioridade para pôr as bebidas nas mãos dos consumidores. “Produto certo no contexto certo: não tem ocasião melhor para gerar experimentação. Cerca de 40% do nosso resultado no Brasil vêm no verão, e vamos triplicar nossa presença em eventos”, diz Camila Freire, diretora da categoria de drinques prontos da Coca-Cola América Latina, expondo que eles são pilar prioritário da companhia atualmente: “Representam uma forma de capturar o target jovem, que tem demandado mais variedade para a sociabilização, e de incrementar o negócio, entrando em novas ocasiões. Como companhia, a gente joga de forma mais completa com os drinques prontos”.
Dados da NielsenIQ confirmam que é esse o público em toda a categoria, no Brasil e no mundo, principalmente entre 19 a 35 anos — sendo 61% de mulheres. Apesar do “boom” desde 2022, ainda segundo a empresa de inteligência, a RTD representa menos de 2% em comparação ao mercado de cervejas no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos chega a 20%, com um mercado mais abrangente em marcas e opções. Olhar para o exterior, portanto, pode indicar o potencial de expansão nacional que ainda existe. Mas não guia as marcas no desenvolvimento de produtos.
Mesmo de grandes grupos globais, os principais drinques prontos à venda no Brasil são desenvolvimentos nacionais. Foi assim com a Beats, há dez anos, quando os jovens adultos buscavam experiências além da cerveja tradicional. Em 2017, a Coca-Cola fez o anúncio de que exploraria o território do álcool. Mas a marca de refrigerante europeia Schweppes entrou na categoria RTD primeiramente aqui, em 2019, inspirando-se no uso que a mixologia brasileira já fazia da bebida. Em 2023, a Amstel desenvolveu sua Vibes para o país. E, agora, a Diageo lança o Johnnie Walker Blonde & Citrus, pensado para os brasileiros. “Analisamos preferências regionais para decidir quais inovações fazem sentido para cada país. Aqui, identificamos uma demanda crescente por RTDs premium, que combinam praticidade e qualidade, além do interesse em novas formas de consumir whisky”, diz Vanessa Kalanche, head de inovação da Diageo no Brasil.
A escuta dos consumidores também auxiliou a brasileira Itaipava. Para comemorar seu trigésimo aniversário, em 2024, a marca decidiu lançar a linha Fest Drinks, com teor alcoólico de 7,9%. Este mês, ganha mais um sabor, na edição limitada Spritz, com redução para teor alcoólico de 5%. “Tem um sabor equilibrado e refrescante, além de um teor alcóolico adequado. E traz uma tendência de saudabilidade: bebida sem glúten”, afirma Cristiane Rosa, head de Marketing Categorias e Consumer Insights do Grupo Petrópolis.
Segundo Gabriel Lescher Fagundes, executivo de Insights Para a Indústria da NielsenIQ Brasil, esse é um caminho com boas perspectivas para os RTDs. “O crescimento deles tem sido construído nos últimos três anos, em duplo dígito. No último ano, na casa de 10%. E a expectativa é de que siga crescendo. Isso porque o consumo tende a se desenvolver em categorias com apelo de bem-estar e saudabilidade, dando melhores possibilidades para bebidas com menos álcool e calorias”, explica o especialista.
Cristiane Rosa, head de Marketing Categorias e Consumer Insights do Grupo Petrópolis afirma que a linha Fest Drinks foi desenvolvida estrategicamente para atender o um público-alvo, garantindo inovação e engajamento. “Isso também envolve o visual, seja do líquido ou da embalagem, que contém cores vibrantes e tinta especial que brilha quando exposta à luz UV. Foi pensada para acompanhar a crescente influência das redes sociais e compartilhamento digital das experiências”, explica.
Os drinques prontos contam com variedades de sabores e embalagens para todos os gostos. Alguns mais cítricos, outros mais adocicados. Em garrafas pequenas e grandes, latinhas e latões que atendem demandas diferentes. Ainda assim, a categoria de RTD chega, por enquanto, a apenas 17% dos lares brasileiros, de acordo com NielsenIQ. O desafio das marcas também é disputar espaço no isopor de ambulantes, em gôndolas de mercados e ganhar uma chance do consumidor. “O primeiro trimestre é o momento mais importante do ano para essa categoria, pois ele conta com meses que mais do que triplicam as vendas de um mês regular. Com a alta demanda, a prioridade principal é garantir disponibilidade do produto, estar no preço correto e também a presença nos principais eventos, junto com cerveja”, avalia Isabela Cristina Nascimento, gerente de Marketing de Beyond Beer do Grupo Heineken, anunciando: “Para Amstel Vibes, manteremos uma estratégia consistente, estando em blocos e camarotes do carnaval junto à marca Amstel”.
O esforço das empresas no verão deve existir. Mas, para Gabriel Lescher Fagundes, as marcas ainda precisam pensar além, para garantir uma expansão sólida. “O desafio é criar e desenvolver novas ocasiões de consumo para que a categoria dependa menos das “temporadas”, aponta ele.
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