Campos Neto diz PEC da escala 6×1 é ‘prejudicial ao trabalhador’ e que Brasil não pode ter cultura ‘antiempresário’

Para o presidente do Banco Central, proposta que reduz jornada semanal vai aumentar o custo do trabalho, gerar informalidade e reduzir produtividade

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Roberto Campos Neto, presidente do BC: declarações de Lula contra ele foram interpretadas como pressão política na véspera da reunião do Copom — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, definiu como “prejudicial ao trabalhador” a proposta de emenda à Constituição que visa eliminar a semana de trabalho com escala 6×1. O texto, que sugere a redução da carga semanal máxima de trabalho no Brasil, “vai aumentar a informalidade” e reduzir a produtividade, avaliou.

Campos Neto citou a PEC, que ganhou fôlego nas redes sociais e apoio de 194 parlamentares nesta semana, ao tratar da reforma trabalhista feita durante a presidência de Michel Temer, que flexibilizou leis trabalhistas. A visão dele é que as mudanças contribuíram para a melhora da “situação do emprego no Brasil”.

— Por isso que eu digo que esse projeto de eliminar (a escala 6×1) e passar com que as pessoas só trabalhem quatro dias por semana é um projeto que eu acho bastante prejudicial para o trabalhador porque no final vai aumentar o custo do trabalho e a informalidade e vai diminuir a produtividade. — afirmou o presidente do BC em videoconferência, durante o 12º Fórum Liberdade e Democracia, em que foi homenageado.

A proposta de autoria da deputada Érika Hilton (Psol-SP) reduziria o limite constitucional de horas trabalhadas no Brasil, das atuais 44 para 36 horas semanais. O texto, que coletou o mínimo necessário de assinaturas para tramitar no Congresso, defende que essa redução de jornada viabilizaria a implementação da semana de quatro dias no Brasil, ou seja, a escala 4×3.

Para o presidente do BC, é importante “continuar avançando nas reformas” na leis trabalhistas sem aumentar as obrigações dos empregadores:

— A gente precisa continuar avançando nas reformas e entender que, no final das contas, a gente não consegue, aumentando a obrigação dos empregadores, melhorar os direitos dos trabalhadores. Em grande parte a gente tem essa ilusão de curto prazo que se mostra contrária no médio e longo prazo — defendeu Campos Neto, que deixa o cargo em dezembro.

Ao ser questionado sobre o quanto seu avô, o economista Roberto Campos, o influênciou na liderança do BC, ele citou “valores da economia liberal” que o fizeram entender que o estado não é indutor de prosperidade e de produtividade:

—O estado precisa ter sua função, a gente precisa obviamente atender o social, principalmente em um país como o Brasil, mas a gente tem que entender que o empreendedor, que o tomador de risco, que aquele que acorda cedo e toma as decis˜eos de risco são muito importantes […]. A gente não pode ter essa cultura antiempresário e antiempreendedor.

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