Se você se interessa por arquitetura, já deve ter escutado falar sobre biofilia, um termo que tem se tornado cada vez mais popular. Apesar da utilização deste tema no mercado imobiliário ser recente, foi em 1984 que o entomologista e biólogo americano Edward Osborne Wilson fez grandes aprofundamentos. Antes de compreender seu efeito no ambiente construído, é importante conhecer de onde surgiu e a explicação científica para este fenômeno, que diz respeito às relações entre os seres humanos e outros seres vivos.
A palavra biofilia deriva do grego bios, “vida”, e philia, “amor”, e refere-se a uma ligação emocional inata dos seres humanos com outros organismos vivos e com a natureza. O termo inato é um adjetivo que significa: “que pertence ao ser desde o seu nascimento; inerente, natural, congênito.” (Oxford Languages, 2020). Esta expressão, em biologia, é antônima de adquirido, no debate acerca da “importância relativa das faculdades inatas de um indivíduo versus suas experiências pessoais, em ser a causa determinante de seus traços físicos ou de comportamento.”[1] Ou seja, uma característica inata é aquela predisposta pelos genes, independentemente das experiências de vida do ser vivo.
Deste modo, detém-se que a convivência íntima dos seres humanos com a natureza – na qual a humanidade se desenvolveu em 99% de sua existência – leva ao sentimento de reconexão e a sensações de bem-estar, que atuam diretamente no funcionamento do nosso cérebro. Isso explica por que as sensações positivas ocasionadas pelo contato com a natureza são sempre relatadas, especialmente pelos humanos que passaram sua vida inteira nas grandes cidades, mas também por aqueles que vivem nas áreas rurais.
A biofilia é comumente associada a efeitos positivos no organismo humano, e tem sido objeto de estudo para as mais variadas áreas do conhecimento. Não apenas a biologia, mas áreas como a medicina, a psicologia, a arquitetura e outros já fazem associações entre suas disciplinas e o contato com a natureza.
Atividades associadas a jardinagem, profissional e amadora, têm catalisado a reconexão com a natureza através do contato direto com as plantas. O SEBRAE[2] defende que a atividade da jardinagem amadora está associada à “recuperação da ludicidade, distração e ocupação recreativa”, fazendo dela um “potente instrumento de criação de saúde e bem-estar”. O hábito de consumo por plantas ornamentais tem se tornado algo intergeracional no contexto brasileiro, e incentivado pela ocorrência da pandemia de Covid-19, onde houve uma busca intensa por elementos naturais no espaço de morar, numa perspectiva terapêutica e ocupacional.
Do ponto de vista da jardinagem profissional, as propostas arquitetônicas optam por soluções verdes, trazendo vegetação para o terreno, fachadas e interior das edificações. Porém, as plantas não são a única solução para incorporar biofilia ao ambiente construído. Então, se você quer conhecer mais sobre essas estratégias – o Design Biofílico, estaremos falando sobre elas no próximo artigo.
[1] MARKERT, John. Demographics of Age: Generation and Cohort Confusion. Cumberland University. Lebanon, Tennessee, Estados Unidos: 2004.
[2] SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Flores e plantas ornamentais do Brasil. Série Estudos Mercadológicos, V. II. Brasília – DF: 2015b