A inflação de outubro fechou acima do esperado, impulsionada principalmente pelo aumento nos preços de alimentos e bebidas, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostram que o grupo de carnes bovinas registrou uma variação de 5,81%, representando o segundo maior impacto na inflação, atrás apenas da energia elétrica.
Entre os cortes que mais contribuíram para o aumento das carnes estão acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Este foi o maior aumento mensal no setor desde novembro de 2020, quando a variação alcançou 6,54%. No acumulado de 12 meses, o preço da carne subiu 4,76%, com alta de 3,88% em 2024.
Outros produtos alimentícios também registraram alta, como óleos e gorduras (2,91%) e pescados (1,52%). O grupo de bebidas e infusões aumentou 1,5%, enquanto leite e derivados subiram 1,3%, compondo o grupo “alimentação no domicílio”.
De acordo com o IBGE, fatores como a redução nos abates de animais, o aumento das exportações devido à valorização do dólar, e questões climáticas, contribuíram para a diminuição da oferta de carnes no mercado nacional e o consequente aumento de preços.
O gerente de IPCA do IBGE, André Almeida, destaca que temperaturas mais quentes afetam a qualidade do pasto, forçando muitos produtores a optarem pelo confinamento dos animais, o que eleva os custos de produção.
Estudos da consultoria Scanntech mostram que, em resposta ao aumento no preço das carnes, o consumo de substitutos como ovos e peixes cresceu 27,1% e 6,2%, respectivamente, em setembro de 2024, em comparação com o mesmo mês de 2023.
A tendência é de novos aumentos no setor de carnes, com o Brasil ampliando suas exportações. Fernando Iglesias, coordenador de pecuária da Safras & Mercado, apontou que o país está exportando atualmente cerca de 40% da produção de carne bovina, um aumento considerável em relação aos 25% exportados no início da década.
Por outro lado, alguns produtos registraram queda de preço em outubro, como frutas (-1,06%), hortaliças e verduras (-1,36%) e tubérculos, raízes e legumes (-2,51%).
Entre as principais reduções estão manga (-17,97%), mamão (-17,83%), cebola (-16,04%), banana-prata (-6,10%) e batata-inglesa (-3,45%), embora no acumulado do ano, a banana-prata e a batata tenham subido 13,07% e 36,46%, respectivamente.
Outros itens, como o limão, tiveram um aumento expressivo de 46,78% no mês, acumulando alta de 72,45% desde o início do ano. Já o tomate subiu 9,82% em outubro, embora acumule queda de 26,25% nos últimos 12 meses.
No setor de alimentação fora do domicílio, os preços subiram 0,65% em outubro, com destaque para a refeição, que acelerou de 0,18% em setembro para 0,53% em outubro, e o lanche, que passou de 0,67% para 0,88% no mesmo período.
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