Estado responde por 70% da produção do grão no Brasil/
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou nesta terça-feira que o governo federal irá editar uma medida provisória para viabilizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz para suprir as perdas com as inundações do Rio Grande do Sul. O objetivo é evitar que haja especulação sobre o preço do produto, com aumento para o consumidor.
Mais cedo em entrevista a rádios, o presidente Luiz Inácio da Silva j, que concentra 70% da produção nacional.
Segundo o ministro, a compra deverá ser feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, no mercado externo.
— O Rio Grande do Sul detém 70% da produção de arroz do Brasil. Tivemos perdas de arroz que estava nos armazéns alagados. Além disso, a grande dificuldade é a logística, tirar o arroz do Rio Grande do Sul e levar para o centro de distribuição. Está sendo preparada a MP autorizando a Conab a fazer compras na ordem de 1 milhão de toneladas — disse Fávaro, após reunião sobre a tragédia, no Palácio do Planalto.
O Rio Grande do Sul produz 70% de todo o arroz no Brasil. A previsão neste ano era de uma safra de 7,4 milhões de toneladas, mas esse cálculo foi feito antes das chuvas. O mercado brasileiro de arroz é relativamente ajustado e a produção nacional se aproxima do consumo doméstico que, anualmente, é em cerca de 10 milhões de toneladas.
A Conab aponta que os períodos de chuva excessiva ou secas severas causam impedimentos no cultivo do arroz, o que reflete em redução de área e perdas significativas na produção. Quando isso acontece, gera pressão sobre os preços internos do produto e ocorre uma redução no consumo. Com isso, para suprir a demanda, o país recorre a importação do produto para reabastecer os estoques.
O Brasil importa cerca de 1 milhão de tonelada por ano, a maior parte do Paraguai, que entra via terra por Mato Grosso do Sul. Por isso, a tendência é que a maior parte da importação também seja do Paraguai.
O objetivo do governo é importar e vender o grão para o mercado local.
— Quero deixar claro: o governo não pensa em hipótese alguma concorrer com os produtores de arroz, mas temos que compreender os problemas — disse.
O ministro frisou que o produto importado não será vendido para atacadistas para não prejudicar os agricultores. O arroz será direcionado diretamente a mercados de bairros periféricos das grandes cidades.
— Não é para concorrer, não vai comprar arroz e vender para os atacadistas. É para evitar desabastecimento.
Inicialmente, serão importadas 200 mil toneladas de arroz descascado e empacotado.
— Se formos rápidos na importação, evitamos o aumento (de preços).
Além da importação de arroz, o Ministério da Agricultura também recomendou que sejam suspensos por 90 dias os pagamentos de empréstimos de produtores agrícolas do estado. O pleito foi apresentado pela federação de agricultura do estado.
Fávaro encaminhou a demanda para o Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve fazer uma reunião extraordinária para aprovar a suspensão da necessidade de quitação de qualquer débito por parte dos produtores.
De acordo com o titular da Agricultura, os dois ministros que fazem parte do conselho, Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda), vão se manifestar favoravelmente ao pleito. O CMN tem a participação também do Banco Central.