Nos últimos anos, a América Latina tem experimentado uma transformação em seus alinhamentos econômicos e comerciais, afastando-se do tradicional papel de “quintal dos EUA” e estreitando laços com a China. A crescente presença chinesa na região, especialmente no comércio e em projetos de infraestrutura, fez com que o país asiático se tornasse o maior parceiro comercial de várias nações latino-americanas.
Crescimento do comércio e investimentos
A China tem se mostrado um parceiro estratégico, comprando recursos naturais e produtos agrícolas da região, como lítio da Argentina, petróleo da Venezuela e ferro e soja do Brasil. Além disso, o país asiático investiu mais de US$ 280 bilhões em projetos de infraestrutura na América Latina nos últimos 15 anos, consolidando ainda mais sua influência.
A Nova Rota da Seda
Um dos principais motores dessa aproximação é a Nova Rota da Seda, um ambicioso projeto chinês de infraestrutura global, onde Pequim oferece financiamentos para a construção de portos, ferrovias e outras obras essenciais em diversos países. A China tem utilizado seu “soft power” — um poder de influência mais suave, baseado na cultura, diplomacia e economia — para expandir sua presença na região.
Brasil e a China: novos caminhos
No Brasil, o governo Lula tem mantido contato constante com autoridades chinesas e, de acordo com especialistas, é provável que o país se junte oficialmente à iniciativa de infraestrutura chinesa, garantindo bilhões de dólares em investimentos. Outros países latino-americanos, como Peru e Argentina, também firmaram acordos com a China, especialmente na área de telecomunicações, com a construção de portos e a instalação de satélites.
Mudança de cenário com a volta do protecionismo dos EUA
Contudo, a ascensão da China na América Latina pode estar prestes a ser desafiada. Com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a expectativa é de que a administração americana retome uma postura mais assertiva em relação à região, pressionando por uma diminuição da influência chinesa. Trump já sinalizou planos de aumentar em mais de 60% as tarifas de importação sobre produtos chineses, o que pode afetar diretamente a economia da China, inclusive no âmbito latino-americano.
O futuro incerto
O cenário, portanto, está em mutação. Se a China se consolidou como um parceiro estratégico na última década, a política externa dos EUA pode mudar a dinâmica, buscando reconquistar espaços perdidos e frear o avanço chinês na região. O que é certo é que os próximos anos serão decisivos para o equilíbrio de poder entre as grandes potências na América Latina.
Fonte: The News