O resultado das urnas nas eleições municipais de 2024 reforça uma tendência que já se observa há décadas no Brasil: o comportamento diverso do eleitor brasileiro ao fazer escolhas em nível local e nacional. Enquanto no plano nacional há um equilíbrio entre vitórias de candidatos de centro-direita e esquerda, quando o foco se volta para as prefeituras, a inclinação para o centro e a direita é evidente.
Desde a retomada das eleições diretas para presidente, o Brasil passou por nove disputas nacionais, nas quais houve alternância de poder entre diferentes espectros políticos. Em quatro ocasiões (1989, 1994, 1998 e 2018), candidatos de centro ou de direita foram eleitos. Já em cinco eleições (2003, 2006, 2010, 2014 e 2022), a esquerda conquistou o Palácio do Planalto. Esse equilíbrio, no entanto, não se reflete nas eleições municipais, onde há um padrão de estabilidade a favor de candidatos mais conservadores, tanto para prefeitos quanto para vereadores.
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O portal Poder 360 aponta em um editorial sobre o assunto que essa preferência constante pelo centro e a direita nas cidades sugere um comportamento mais conservador quando o eleitor vota “em casa”. Ao eleger prefeitos, os brasileiros tendem a priorizar a segurança e a estabilidade local, optando por partidos e candidatos que representem uma visão política mais tradicional. Já nas esferas estaduais e federais, o eleitorado parece mais aberto a experimentações, alternando entre projetos de governo mais progressistas ou conservadores, conforme as conjunturas e desafios do momento.
Nas eleições municipais de 2024, essa preferência pelo conservadorismo nas cidades mais uma vez se consolidou. Os resultados mostraram uma continuidade do padrão de hegemonia dos partidos de centro e direita, fortalecendo essa visão de que o eleitor brasileiro valoriza a previsibilidade e o pragmatismo na administração local. A escolha de prefeitos e vereadores reflete a busca por governantes que ofereçam soluções imediatas para problemas cotidianos, como segurança, saneamento e infraestrutura, áreas em que candidatos mais conservadores tendem a focar.
Portanto, enquanto o Brasil segue dividido em suas escolhas para presidente e governadores, as cidades mantêm uma clara preferência por gestões mais conservadoras, um fenômeno que parece cada vez mais consolidado no cenário político brasileiro.