A taxa Selic, principal ferramenta de política monetária utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação no Brasil, possui impacto significativo em diversos setores da economia, incluindo o mercado imobiliário. Quando a Selic está em alta, os reflexos são percebidos tanto por consumidores quanto por investidores, influenciando sobremaneira as decisões de compra, venda e financiamento de imóveis.
A elevação da Selic tem um efeito direto sobre os financiamentos imobiliários, uma vez que a maioria dos bancos utiliza essa taxa como referência para determinar os juros cobrados em empréstimos e financiamentos. Durante as últimas reuniões do COPOM do Banco Central, as decisões têm sido no sentido de aumentar as taxas de juros, tornando o custo do financiamento mais alto para os consumidores. O aumento da última semana elevou a taxa para 12,25% ao ano, com expectativa de mais dois aumentos nos próximos 90 dias. Essa perspectiva poderá reduzir ainda mais a demanda por crédito habitacional, já que as parcelas mensais ficam mais onerosas e a capacidade de endividamento diminui.
Outro reflexo importante é a pressão sobre os preços dos imóveis. Com a redução na demanda por crédito e a menor liquidez no mercado, é comum que haja uma estabilização ou até mesmo uma queda nos preços dos imóveis em determinadas regiões. Em um cenário de Selic elevada, os vendedores podem precisar ajustar suas expectativas de preço para atrair compradores que têm maior poder de barganha.
Por outro lado, um aumento na Selic pode atrair investidores para o mercado de renda fixa, uma vez que os títulos públicos e outros investimentos atrelados à taxa básica tornam-se atrativos, mas não menos arriscado ao lembrarmos que vivemos no instável Brasil. De outra banda, o segmento de aluguel pode se beneficiar nesse cenário, já que muitas pessoas optam por adiar a compra de um imóvel devido aos altos custos de financiamento, aumentando a demanda por propriedades para locação.
Apesar dos desafios impostos pela alta da Selic, o mercado imobiliário também pode apresentar oportunidades. Imóveis com preços ajustados ou em localizações privilegiadas tendem a manter sua atratividade, especialmente para investidores que buscam diversificação. Ademais, a alta da Selic é frequentemente uma medida temporária e, com a estabilização da economia e a redução da inflação, a tendência é que os juros voltem a cair, reaquecendo o setor. Ademais, reafirmo a máxima da importância do tijolo, do concreto e da escritura pública, conquista patrimonial que, além dos dividendos que podem ser gerados em razão da tipologia e localização, se tornam ativos garantidores de momentos incertos que podem acometer qualquer cidadão.
O aumento da taxa Selic impacta de forma significativa o mercado imobiliário, influenciando financiamentos, preços e decisões de investimentos. Entender esses reflexos é essencial para os consumidores, investidores, corretores de imóveis, incorporadores e demais ativistas do setor, que devem estar preparados para adaptar suas estratégias em um cenário de maior instabilidade econômica. Planejamento, disciplina e muita análise permanecem sendo essenciais para que se consiga navegar com segurança nesse ambiente macroeconômico. Por fim, importante afirmar que o auxílio de profissionais tecnicamente qualificados é fundamental para a mitigação de riscos em relação aos investimentos imobiliários e ao mercado de capitais, não apenas em época de Selic elevada, mas em todos os instantes.