Houve um tempo em que a Paraíba, de acordo com a comunicação governamental de então, era vendida em feiras e congressos como o berço da tranquilidade brasileira. É verdade que a boa fama, decorrente das ações de várias gestões, em parceria com as entidades representativas das classes empresariais, levou tempo para ser difundida pelo Brasil e pelo mundo afora, e hoje os frutos dessas ações estão sendo percebidos e colhidos de forma planejada e madura.
Os propagados frutos redundam em destaques que elevam sobremaneira a imagem e o conceito da Paraíba, um excelente momento para os setores turístico e imobiliário, sendo inclusive eleito o segundo estado do Nordeste no ranking de qualidade de vida divulgado pelo Índice de Progresso Social (IPS), uma metodologia internacional que calcula o bem-estar da população a partir de dados oficiais. Em nível nacional, o estado passou a ocupar a 12ª posição, o que é surpreendente em vista de tratarmos de um estado nordestino pequeno e pobre.
Três dimensões principais são analisadas de acordo com o IPS: necessidades humanas básicas, fundamentos para o bem-estar e as oportunidades geradas. Embora cada uma dessas dimensões se desdobre em quatro componentes, de modo a formar uma média final, a Paraíba se destacou nos quesitos moradia (92,29), nutrição e cuidados médicos básicos (69,33), qualidade do meio ambiente (68,69) e acesso ao conhecimento básico (65,64). Ao observar os indicadores, é possível reconhecer a presença e a importância do mercado imobiliário, saúde, meio ambiente e educação na formatação qualitativa de um destino.
Com efeito, é possível afirmar que o sistema de divulgação e fortalecimento de um destino vai além das ações básicas e mais tradicionais relacionadas ao turismo, ao próprio mercado imobiliário, assim como aos diversos e inter-relacionados segmentos, sendo complementar e de suma importância o funcionamento de um sistema de saúde capaz de atender também aos novos moradores, assim como os turistas que, com mais frequência, escolhem a Paraíba como destino de férias. Nessa mesma linha de entendimento, não há como imaginar o crescimento de um destino turístico sem uma política de educação voltada para a qualificação técnica e valorização da mão de obra local, tendo em vista a necessidade premente de se evitar o colapso de profissionais disponíveis e a consequente substituição destes pelos de outros rincões.
Dessa maneira, dada a compreensão de que a maior vocação econômica paraibana reside na prestação de serviços e que o turismo é, em definitivo, a sua maior indústria, fato este atestado pelos números que demonstram os investimentos em execução no Polo Turístico Cabo Branco, é preciso que os órgãos públicos, em associação com a iniciativa privada, construam um fórum permanente de consulta e discussão, com o intuito de que temas como mobilidade urbana, cidadania, malha aérea, segurança pública, entre tantos outros igualmente pertinentes, possam ser debatidos, explicados e tenham ações deliberadas.
A Paraíba ideal exige o desafio de se conseguir manter uma qualidade de vida condizente com o que esperam os novos e os mais antigos residentes, em todos os itens que envolvem a paz e o avanço social, contudo, sem esquecer de lutar para que a geração de oportunidades, decorrente do crescimento econômico, atinja todas as classes sociais e que, por fim, o aumento populacional acima da média não seja enxergado como um risco de sermos atingidos pelas mazelas da desorganização e da incapacidade de lidar com as demandas naturais do crescimento.