Com quase 1 milhão de habitantes, João Pessoa vive seu ciclo mais intenso de crescimento.
Ao completar 439 anos de fundação, a terceira capital mais antiga do Brasil, vive um momento único na sua história. A cidade, que nasceu às margens do rio no século XVI e só chegou ao mar no século XX, ganha novos moradores a cada dia e lidera o estado que tem o maior crescimento econômico projetado do Brasil em 2024, com um PIB previsto de 4,7%, segundo estudo do Banco do Brasil. Esse crescimento é impulsionado pelo setor de serviços, que compõe 80,4% da economia do estado. Entre as economias do Nordeste, a Paraíba lidera, seguida por Rio Grande do Norte (4,2%) e Maranhão (3,5%) e bem à frente do vizinho Pernambuco (2,7%).
Em uma década, João Pessoa ganhou 110,4 mil novos habitantes e teve o maior crescimento do Nordeste: 15,2%, conforme o Censo de 2022. Com essa migração e o envelhecimento da população brasileira contribuíram para a demanda por residências na cidade. Apesar da valorização, o custo do metro quadrado em João Pessoa (R$ 6.423,00) permanece acessível, sendo uma oportunidade atraente para investidores e famílias.
Diante deste cenário, o setor de serviços, mola desse crescimento, fechou o primeiro trimestre de 2024 com alta de 6,3%, terceira maior taxa do país. O equilíbrio fiscal alcançado pelo Estado da Paraíba, que garante maior capacidade de investimento com recursos próprios, além de baixo endividamento, tem atraído também mais investimentos e negócios privados.
É o caso do Polo Turístico do Cabo Branco que contará com a construção de dois parques de diversões e cinco resorts. Esses investimentos, que ultrapassam R$ 2 bilhões, incluirão um incremento de 11.000 leitos e diversas novas atrações de negócios no Polo Turístico Cabo Branco. Com base em projeções do IBGE, a oferta de leitos em João Pessoa deve quase dobrar, o que também pode duplicar o fluxo de turistas.
Os novos resorts focarão em luxo, estadias prolongadas e preços mais altos, o que aumentará os gastos dos turistas em bares, restaurantes, shopping centers e atrações turísticas. Isso igualará o perfil dos visitantes ao daqueles que frequentam destinos turísticos mais reconhecidos no Brasil.
Toda essa movimentação vai exigir melhorias na infraestrutura local, incluindo a duplicação de rodovias, novos investimentos em rotas e vias, e a ampliação do aeroporto de João Pessoa para suportar o crescimento no número de passageiros. Mas, é preciso estar atento mesmo às pessoas, que são a razão da existência das cidades – sejam elas novas ou antigas. Os desafios estão aí: IDH de 0,729 (9º pior do país), alta taxa de desemprego e mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores com carteira assinada. A expectativa é que o número de empregos diretos gerado pelo Polo Turístico seja 8.340, além da criação de 22.264 empregos indiretos.
Para tudo isso acontecer, a cidade precisa se manter resiliente quando o tema é preservação do meio ambiente. Hoje, João Pessoa ainda possui 33% de cobertura arbórea, incluindo tanto as áreas verdes como Áreas de Proteção Permanente e matas ciliares, como a arborização viária. A capital paraibana é uma das poucas do país que possui legislações estadual e municipal que definem o tamanho máximo dos prédios localizados mais próximos da orla pessoense, justificando que essa área é entendida como “patrimônio ambiental, cultural, paisagístico, histórico e ecológico”. Afinal, foram as praias, as matas, os ventos e a forma de construir uma cidade que atraíram tanta gente para viver nessa nova-velha senhora.